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Com estreia do caratê nos Jogos de 2020, brasilienses sonham em representar o país. 

A recente inclusão do caratê nos Jogos Olímpicos, em Tóquio-2020, despertou a ansiedade dos atletas brasilienses Wellington Barbosa, 26 anos, e Alberto Azevedo, 20. Eles sonham com a chance de defender o Brasil na competição. A longa caminhada pelo objetivo começou este ano, com medalhas no Campeonato Pan-Americano, disputado em maio, em Curaçao.

Wellington conquistou um bronze na categoria +84 kg e o ouro com o time brasileiro na classificação geral. Já Alberto não conseguiu subir no pódio por sua categoria, -84 kg, mas ficou satisfeito com o ouro pela equipe.

Talentos do DF, os dois praticam a modalidade desde criança. Wellington, nascido e criado em Planaltina, conheceu a arte marcial na escola em que estudava, aos 5 anos. “Uma professora fez apresentação de caratê, e eu gostei. Desde então, estou no esporte”, conta.

Alberto, da Vila Planalto, começou um pouco mais tarde, aos 11 anos. Ele conheceu o caratê na escolinha do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação (Defer). “Na hora que vi a luta, gostei. Comecei a fazer nas férias e não quis parar mais”, relembra. Os dois têm títulos importantes. Alberto já foi campeão brasileiro e pan-americano três vezes. Além disso, como juvenil, conquistou o terceiro lugar no Campeonato Mundial na Malásia em 2011. Wellington também tem na bagagem títulos nacionais e internacionais, como o de campeão mundial universitário conquistado em 2012.

Para continuar a garantir bons resultados e, com isso, a sonhada convocação para a Olimpíada, é preciso estar presente em campeonatos internacionais. A parte mais difícil? Conseguir o dinheiro para garantir participação. Wellington é formado em direito, mas, atualmente, se dedica ao esporte em tempo integral. Já Alberto, além de atleta, estuda psicologia. As despesas com hospedagem, alimentação e outros gastos são de responsabilidade de cada um. Somente as passagens eles conseguem pelo Compete Brasília, programa criado pela Secretaria de Esporte.

O próximo desafio será o Campeonato Sul-Americano, na Bolívia, em 24 de junho. O pedido das passagens foi feito, resta saber se será aprovado. O treinador dos atletas, Caio Márcio, 54, explica que, apesar de ter conseguido o benefício na última competição, nem sempre a ajuda é garantida. “Na medida do possível, eles dão o apoio, mas, às vezes, ficamos sabendo em cima da hora”, relata. Para evitar surpresas ao longo do planejamento olímpico, o treinador pretende lançar o projeto Karatê Candango nos próximos dias.

O programa tem por objetivo conseguir auxílio para os atletas participarem de todos os campeonatos até os Jogos Olímpicos. Caio Márcio ressalta que a contagem da pontuação olímpica começa no ano que vem, e para estar em condições iguais às dos adversários, eles não podem perder os eventos do circuito. “Se você não estiver presente, pode desistir. Não adianta treinar de manhã, de tarde e de noite, porque não vai conseguir alcançar a pontuação necessária”, assegura.

Trabalho social em troca de patrocínio

O projeto Karatê Candango se baseia na busca por auxílio de empresas. A intenção é oferecer uma contrapartida social dos atletas em troca do patrocínio em dinheiro. Os competidores já atuam em programas sociais no Recanto das Emas e na Ceilândia. Para o treinador Caio Márcio, a luta chega como um instrumento de transformação. “Você dá uma outra conotação, um colorido diferente para a luta que está presente no contexto das crianças que convivem com a violência das comunidades”, analisa.

Para ele, as empresas que aderirem à ideia vão poder manifestar um sentimento de bairrismo por Brasília, já que os atletas são daqui. “Eles fariam um trabalho contra a violência e contra as drogas nas periferias, e a gente conseguiria ter um orçamento para garantir tranquilidade de ir às competições”, diz. A inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos garante mais visibilidade e ajuda o esporte a ganhar mais força.

Caio Márcio é professor desde os 17 anos. Ele começou a praticar a arte marcial com a auxílio de livros, pois não havia academias na cidade onde morava, em São Lourenço, no interior de Minas Gerais. Com a experiência adquirida, ele acredita que, sem a assistência do projeto, a participação olímpica não será possível.

Para Alberto, a inclusão do esporte nas Olimpíadas começou a trazer mudanças. Ele obteve o patrocínio de uma academia e de uma loja de suplementos da Vila Planalto. “Bati à porta deles, mostrei meu currículo e consegui esse apoio, que é muito importante”, conta. Para Wellington, porém, nada mudou, mas a esperança e o clima são diferentes, acredita ele. “Estamos vivendo um momento ímpar, várias gerações esperaram por este momento, e temos a responsabilidade de representá-los”, prega.

Na telinha

O caratê, popular no Japão, é dividido em duas categorias: kata e kumite. O kata, é uma apresentação na qual o atleta faz uma performance de ataque e defesa contra um adversário imaginário. Já no kumite, dois competidores se enfrentam, e os pontos são atribuídos de acordo com os golpes, como no judô. As duas modalidades podem ser praticadas individualmente ou em grupo. Para entender um pouco mais, o treinador Caio Márcio indica dois filmes que podem ilustrar a arte marcial. Confira:

Karatê Kid — a hora da verdade (1984)

Diretor: John G. Avildsen
Sinopse: Daniel e a mãe dele se mudam para Califórnia em busca de uma nova vida, mas a experiência vira uma etapa desagradável quando o menino é confrontado por um garoto e seus amigos na nova escola. Um dia, Daniel conhece Miyagi, um idoso mestre na arte do caratê que salva sua vida e decide ensiná-lo a lutar. O clássico ganhou sequências e até uma refilmagem em 2010.

O Faixa Preta (2007)

Diretor: Shunichi Nagasaki
Sinopse: Três homens aprendem caratê numa ilha do Japão com um antigo sensei, que sempre ensina que a arte marcial nunca deve servir de arma e jamais se deve usar os pés para atacar alguém. Certo dia, a polícia chega para expulsar os homens da ilha. Logo, os três alunos precisam entrar em ação, o que gera uma discussão, já que cada um tem um ponto de vista diferente sobre o esporte.

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